Seis Horas de uma Sexta-Feira.


 Para o observador desatento, as seis horas são triviais. 
Um Pastor com suas ovelhas, uma dona de casa com seus pensamentos, um médico com seus pacientes. Mas para aquele punhado de testemunhas boquiabertas o mais insano dos milagres está acontecendo.
Deus está numa cruz. O criador do universo está sendo executado.
Cuspe e sangue estão grudados em seu rosto,
e seus lábios estão rachados e inchados. Espinhos rasgam seu couro cabeludo.
Seus pulmões gritam de dor. Suas pernas se contorcem com as câimbras. 
Nervos tensos ameaçam desprender-se conforme a dor ressoa
sua melodia mórbida...
E não há ninguém para salvá-lo, pois ele próprio está se sacrificando.
Não são horas normais. 
Não é uma sexta-feira normal.

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